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A Psicomotricidade como Terapia

Toda relação corporal implica uma relação psicológica, pois o movimento não é um processo isolado e está em estreita relação com a conduta e a personalidade (Morizot).

 

Os atendimentos que realizo em clínica têm como base a Psicomotricidade, trabalhando desde questões psicológicas e emocionais até questões relacionadas ao ancoramento corporal e o dificuldades de contato (com o “outro”, mas também consigo mesmo).

O público alvo vem sendo, nos últimos tempos, mais adultos e jovens que crianças (atendimento individual), não necessariamente com algum tipo de deficiência mental ou física. Os adultos costumam buscar a terapia em momento de grande transformação interna e, consequentemente, externa. Muitos estão em processo de saída das drogas, outros em finalização de parcerias, casamentos, outros em mudança de área de trabalho, enfim, mudanças profundas, em geral.

Os jovens costumam buscar a terapia com base psicomotora pela versatilidade dos recursos utilizados em clínica, incluindo, muitas vezes, movimento corporal, jogo simbólico, recursos de arteterapia, trabalho com bolas, almofadas, música, dramatização, etc

No trabalho terapêutico individual, também integro a metodologia da Experiência Somática (Somatic Experience), formação que me permite trabalhar com questões traumáticas, com resolução corporal, despertando a RESILIÊNCIA de cada cliente.

Abaixo reuni algumas dúvidas frequentes sobre a Psicomotricidade:

O que é Psicomotricidade?

Esta é uma pergunta bastante comum, ao dizer que sou Psicomotricista. Psicomotricidade é uma palavra grande, mas se a separarmos teremos: psicologia + motricidade.

Em termos bem gerais, ela envolve toda a ação realizada por uma pessoa na dinâmica de suas atividades, de seus gestos, de suas atitudes e posturas. Assim, podemos relacionar o termo Psicomotricidade ao sistema expressivo, não apenas relacionado à mecânica dos movimentos corporais humanos, mas também à mobilização dos afetos, das emoções em relação a si próprios (movimentos internos), em relação aos outros e em relação ao meio em que vive.

Na prática, a Psicomotricidade empenha-se em superar a oposição homem x corpo. Na abordagem psicomotora, partimos do princípio de que o homem é seu corpo e, muitas vezes seu corpo fala por ele, ainda que a sua revelia.

 

psicomotricidade

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Como acontece, na prática, o trabalho de um Psicomotricista?

Na abordagem de um Psicomotricista, o indivíduo é reconhecido como parte de um sistema total, em constante movimento, incluindo seus momentos de contração (introspectivos) e de expansão (deslocamentos). Por este motivo, o Psicomotricista possui um vasto campo de trabalho, atuando de forma interdisciplinar – seja o que se dedica à clínica ou o que se dedica à educação. O campo de trabalho do profissional Psicomotricista abrange Clínica, Educação e Reeducação Psicomotora, além de integrar aquisições da biologia, psicologia, psicanálise, sociologia, linguística, educação e artes, entre outros.

Eu, pessoalmente, trabalhei alguns anos na área da Educação, em sala de recursos, como Psicomotricista – escola pública de ensino fundamental. O que escrevo abaixo faz parte de observações e de minha experiência particular no campo da Psicomotricidade em escola.

 A Psicomotricidade na Educação

Na área da Educação, em geral, o Psicomotricista atua em escolas, na maior parte das vezes em sala de recursos, com alunos que necessitem de atenção especial (inclusão de alunos com diversos tipos de deficiência). Por outro lado,  há projetos envolvendo movimentos corporais, expressão e arte, onde o Psicomotricista atua diretamente ou em parceria com outros profissionais da área de ensino.

A metodologia, tanto em educação como em clínica – principalmente com crianças e pré-adolescentes – inclui o jogo simbólico. Ele estimula a criação de vínculos afetivos, enriquecendo as vivências psicomotoras na descoberta do corpo e suas relações com autonomia, prazer e uma maior qualidade nas relações interpessoais. As vivências servem de “laboratório” para o reconhecimento do espaço pessoal, mas também das diferentes possibilidades de relação social. Há possibilidade de trabalho com vivências psicomotoras de forma individual ou em grupo.

Quando eu atuava em sala de recursos como Psicomotricista, meu público era crianças, pré-adolescentes e adolescentes de escola pública municipal em Niterói, RJ, com algum tipo de deficiência (auditiva, visual, motora, mental, etc.). Buscava elaborar projetos em sala de recursos que pudessem trabalhar, inicialmente (e, na minha opinião, principalmente), a auto-estima, a valorização e a inclusão destes alunos em sala de aula regular. Utilizava a metodologia do jogo simbólico – com recursos de bolas, jogos construídos a partir de sucata, confecção de livros, trabalhos artísticos, etc. – trabalhando em pequenos grupos, em horário alternativo ao da sala de aula inclusiva.

Além do trabalho em sala de recursos, iniciamos um projeto independente e voluntário, intitulado Corpo e Arte (para maiores informações sobre este projeto, ver item Corpo e Arte), onde o público alvo não era o classificado como “especial”, mas que seria uma oportunidade para os outros vários alunos da escola trabalharem auto-estima, motivação, expressão e inclusão social.

Ainda na área da Educação Psicomotora, uma outra possibilidade é o campo de trabalho como professor em graduação e pós-graduação, diretamente nos cursos de Psicomotricidade ou em cursos como Pedagogia, Educação Física, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Psicologia, onde a disciplina de Psicomotricidade faz parte da grade curricular.

Desta forma, ministrei aulas como professora do curso de pós-graduação latu sensu em Psicomotricidade na Universidade Helena Antipoff (Pestalozzi, Niterói), onde lecionei a disciplina Psicomotricidade como Expressão Livre e Criativa da Arte. Atualmente, ministro aulas no curso de Formação de Psicomotricistas na Clínica Ágathon de Psicomotricidade, em Niterói. Os alunos, de ambos os cursos de pós-graduação, chegam de diversas áreas de conhecimento – psicologia, educação, fonoaudiologia, biologia, educação física, etc.. Isto enriquece bastante a troca de experiências e torna-se, também, uma oportunidade única de ampliação e reconhecimento do campo da Psicomotricidade, em sua visão holística e de expressão criativa, que incluem práticas e vivências psicomotoras.

A Psicomotricidade como Terapia

Como outra possibilidade para o profissional com formação em Psicomotricidade, há a possibilidade do trabalho como Psicoterapeuta Corporal na Psicomotricidade Clínica. Esta é minha atividade principal neste momento, na Urca e em Niterói, Rio de Janeiro, envolvendo  abordagem holística do cliente, considerando os níveis mental, físico, emocional e espiritual. O objetivo é que o corpo, como um todo, em suas várias camadas, participe do processo de auto-regulação e reintegração – o que envolve:

  • o contato e reconhecimento de sentimentos expressos ou reprimidos;
  • as crenças construídas ao longo de sua história;
  • os afetos – como o indivíduo afeta e é afetado nas relações;
  • a consciência de projeções, julgamentos e repetições, buscando ultrapassar bloqueios inconscientes;
  • o contato com o universo sensorial e toda sabedoria que envolve a busca de enraizamento no “aqui e agora”;
  • acesso aos recursos construídos ao longo de sua vida e no processo terapêutico, como base para estabelecimento de limites saudáveis nas relações e com ele próprio.

Como vimos nos itens acima, a Terapia Psicomotora implica uma concepção radicalmente nova do corpo e leva-nos a repensar as estruturas psicossomáticas em novos termos: o lugar do corpo no imaginário, no conjunto de símbolos corporais e na autorregulação – ou seja, no espaço constituído pelo corpo, gerador de expressão, afeto e respiração, convidando o indivíduo à reintegração.

Exercício de Senso-Percepção (FELT SENSE)

A senso-percepção (felt sense)* é “o meio pelo qual experienciamos a totalidade da sensação” (Peter Levine), dirigimos nossa atenção para o corpo e reconhecemos as sensações corporais que se apresentam no momento.

A senso-percepção (felt sense)* é “o meio pelo qual experienciamos a totalidade da sensação” (Peter Levine) e dirigimos nossa atenção para o corpo, reconhecendo as sensações corporais que se apresentam no momento.

Experimente este exercício, para entrar em contato com alguns recursos já disponíveis em seu corpo hoje:

Sente-se confortavelmente. Sinta o modo como o seu corpo se apoia na superfície em que está sentado. Sinta a sua pele e a sensação da roupa sobre a pele.
“Sinta sob a sua pele – quais as sensações que estão lá? Agora, lembrando-se suavemente dessas sensações, onde você pode localizar pontos de conforto? Que sensações físicas contribuem para a sua sensação de conforto? A consciência dessas sensações faz com que fique mais confortável ou menos confortável? Isso muda com o tempo? Desfrute da senso-percepção, em se sentir confortável, neste exercício”.

(O despertar do Tigre, Peter Levine*)

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