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O PROJETO SAPÊ

O PROJETO SAPÊ foi elaborado e coordenado por mim, com os jovens do bairro Sapê, Niterói, RJ, de 2002 a 2010, tendo sido uma oportunidade para um laboratório nos estudos de Psicomotricidade.  Ele foi iniciado logo após a finalização de uma pós-graduação latu sensu em Psicomotricidade (Pestalozzi, Niterói) e uma formação profissional, também em Psicomotricidade (Instituto Anthropos de Psicomotricidade, RJ) cursados por mim, após alguns anos de trabalho no bairro do Sapê, Niterói, Rio de Janeiro na escola Municipal Levi Carneiro.

A proposta de ação comunitária partiu de uma constatação amplamente debatida nas reuniões do grupo docente da escola – da qual fui professora de língua inglesa (1999-2002) e do trabalho que realizei como Psicomotricista, em sala de recursos (2002-2006) – e também dos próprios jovens, meus alunos, da grande desmotivação para o estudo e para a VIDA por parte dos pré-adolescentes e adolescentes, além de uma fragilidade crescente em relação aos laços sociais na comunidade e na família, refletindo lacunas significantes de referência e pertencimento.

PROJETO SAPÊ realizou-se à parte do horário da escola regular do bairro, tendo sido uma iniciativa totalmente voluntária, numa tentativa de oferecer espaço de vivência, além das atividades “burocráticas” e didáticas de sala de aula. Um trabalho de observação mais próximo da realidade e da história local dos adolescentes do bairro do Sapê, onde realizei algumas entrevistas piloto com as famílias dos adolescentes, percebendo todas as modificações do bairro com a chegada da urbanização, da construção de grandes condomínios em um bairro com características ainda rurais.

União - Confiança

União – Confiança

 

O Grupo

O Grupo

 

 

 

 

 

O trabalho na comunidade teve como base referencial vivências psicomotoras de grupo e seu objetivo inicial era possibilitar contato com os ritmos individuais de cada participante – esquema/imagem corporal – e suas relações em grupo e, posteriormente, psicossociais com a história local. Recursos musicais, de criação artística e expressão corporal foram utilizados durante os encontros, como fio condutor desta etapa inicial. Materiais reutilizáveis foram utilizados para a confecção de instrumentos musicais, o que envolveu também o grupo familiar dos participantes na coleta dos materiais.

Quatro integrantes do projeto foram convidados a participar de um evento internacional na universidade Towson, Maryland, EUA, compartilhando particularidades locais e históricas da realidade brasileira, com um grupo de cerca de 80 crianças do Kids for Peace Summer Campcom representantes de outras culturas, de outros continentes, em julho de 2004. Antigos participantes do Projeto Sapê, ainda hoje, mantém comunicação via internet com parte do grupo de Maryland, incluindo a idealizadora e coordenadora do Kids for Peace, a antropóloga norte-americana Mary Hilton, a qual realizou inúmeras visitas a nosso projeto no Sapê.

O grupo realizou apresentações artísticas com expressão corporal e improvisação em eventos no RJ e em Niterói – Teatro Popular Niemeyer, Niterói; Casa do Homem de Amanhã, Niterói; Teatro de SESC, Niterói e Evento do Jornal O Globo para escolas públicas –  no RJ. Na última apresentação do grupo 2008, no Teatro Popular de Niterói, observamos a evolução artística significativa do grupo, bem mais maduro, não só em idade, mas principalmente em percepção corporal e reconhecimento de seu próprio potencial como cidadão.

Campo

Campo

Constatou-se uma modificação qualitativa nas relações sociais dos adolescentes e pré-adolescentes participantes, tanto no grupo familiar – segundo depoimento dos pais em reuniões escolares – quanto nas relações com a comunidade escolar – de acordo com as reuniões de conselho de classe da Escola Municipal Levi Carneiro. A partir do trabalho e das relações identitárias do grupo, algumas mudanças foram observadas:

  • aumento do interesse nas questões escolares – 90% dos participantes cursaram o ensino superior;
  • a maior parte do grupo já estudou um segundo idioma e se interessa por trabalhos corporais e artísticos;
  • mudanças na forma de interação social no grupo e fora dele, apresentando maior autonomia nas articulações sociais, inclusive no ambiente de trabalho;
  • A finalização do trabalho no Projeto Sapê culminou com a saída da maior parte dos participantes para ingresso no mercado de trabalho e universidade, após terem alcançado a maior idade;
  • O grupo ainda conserva o elo afetivo até os dias de hoje, encontrando-se eventualmente, muito embora a maior parte já esteja totalmente envolvido nas tarefas do mundo adulto (filhos, trabalho, universidade, etc.), porém ainda residindo no Sapê, em sua maioria;
  • O Projeto Sapê motivou a pesquisa de mestrado no Instituto de Psicologia, UFRJ, envolvendo a história local do bairro do Sapê, Niterói. Com o registro do cultivo de plantas ornamentais e à coleta de plantas medicinais, com antigos mateiros, erveiros e cultivadores da região (“Memória Oral e Troca Intergeracional” – vide sessão sobre artigos publicados neste site para trabalho completo), buscou-se dar visibilidade à memória social local, enfatizando troca intergeracional relativa ao cultivo de orquídeas e bromélias na área do Sapê

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